O repouso da estação

Bem me ama a estação que me banha

sob o toque indiscreto do vento

rodopiando entre meus braços

acalentando-me com voz doce

As folhas cedem seu repouso

quando tombam sob meu peito

e vertem-me o sangue, a hemorragia

O sol valsa entre os arbustos

e cobre meu peito mudo

queimando a amargura de minha pele

Eu... tateando o chão descompassado

apaixono-me pelo fruto descascado

e tento alcançar a madeira morta

pelas chamas de alguma represa hidrelétrica

Parafusos e engrenagens rodando na mesa

fazem meus olhos lacrimejarem

a estação vibra e pulsante desaparece

e eu fico sob os galhos esperando, esperando... esperando

não me canso de me enganar

o frio de ontem não voltará mais

resta-me o calor do amanhã...