Como eu me beijo

Beije meus versos que voam longe

e pousam nas mãos da terra

Arranque suspiros da madeira que range

ao toque suave da brisa fera.

Os laços das palavras nos unem perfumados

sob os braços do mar agitado.

Acaricie meu olhar soturno com um riso

Roube-me o sono tranqüilo e escuro

e sopre seu ar por cima dos muros

que impedem meus sonhos

Beije o calor de meus rabiscos

faça chover papéis secos sob meu corpo

repousarei belo no anoitecer sem estrelas

ansioso por um brilho no poço

de meus beijos reprimidos.

Roube meus poemas inacabados

e os transcreva sem emoções:

devagar e sóbrio, nunca verás

como eu beijo.