Navegando - (considero minha obra prima, gosto é gosto)

NAVEGANDO

Busco no espaço branco de minha tela

inspiração para versos não escritos

navego com a intenção da caravela

que leva em seu bojo os proscritos.

Povoar de rimas e versos novos

este pedaço branco mal descoberto

como se palavras fossem povos

que pisam em terra com ar incerto.

Descubro-me descobrindo minhas palavras

dobrando o cabo de meus tormentos

faço de tantas letras minhas escravas

e navego ao sabor dos elementos.

Exploro com a voracidade do posseiro

e mal semeio, mal cuido desses espaços

extraio sem cuidados e sem canteiros

deixando desertos sob meus passos.

Mas, olho para trás e vejo espantado

que a terra não ficou vazia

restou, sobre este chão pisado

a lavra de minha poesia.

Juiz de Fora, 09 de maio de 2000