Bufão

O onanista envelhecido

Trepida no ar sua língua viperina

Espalhando sobre tudo e todos

Seu cuspe nocivo

Caricatura de um Pã

Que nunca foi dionisíaco

Durante os séculos envelheceu

E macerou seu espírito pérfido

Em tonéis podres de carvalho

Sua figura vipérea pode ser vista

Ainda hoje, a qualquer hora da madrugada

Espalhando pelos bares

Seu hálito fraudulento

Mentiroso, burlesco

Regozija-se verbalizando representações

Propositada e milimetricamente grotescas

Do outro, do semelhante,

Do amigo e do inimigo

Bufão tolo

Patético

Figura do descrédito

Ao amanhecer

O bufão-da-corte, que se crê víbora

Penetra com seu corpo roliço a terra

Até desaparecer, assim como uma doninha.

Mais Priscila Andrade: http://dedodemoca.blogspot.com