Sepulcro
O câncer no útero do ódio é fruto desse amor melancólico infeccionando o meu coração
Putrefata a carne da saudade quando já amanhecia no leito da mágoa, já era cólera de raiva a visita incestuosa
É crônica as cólicas de arrependimento
Que faço agora?
Perfura-me o pulmão tanta covardia
Chorarias tu também comigo se me visse assim
A tristeza virou uma dor permanente em minha cabeça
Tentaram estancar-me essa hemorragia de sofrimentos e só acalmaram os nervos da solidão
Dou golfadas de sangue para libertar-me das purezas da libertinagem
Até a minha sorte surtou e fugiu com o cansaço, não tiveram coragem de enterrar-me
Falece com o pôr-do-sol a paciência de viver
Desfaleço diante da minha ingratidão
É o fim, falência múltipla de sentimento e o amor acaba de apodrecer no meu peito
É com certo desespero que te enalteço
Agora jaz mais uma infeliz e mortal