Labirinto de mim mesma
Tenho a fraqueza de uma flor e a fortaleza do vento
Sou o mar bravio e uma poça d'água rasa
Sou mistura inequívoca de sentimentos e resulto em algo incerto e inextrincável
Adversamente proporcional ao avesso
Eu mudo no revés do encontro
Eu não te faço cais, eu não me sou porto
Eu não me tenho em alguém
Eu não me deixo ser, eu só quero estar
Eu faço tudo pra não ir, eu não sei voltar
Não me faça ficar, sou senhora do meu domínio
Sei que confundo, mas eu sou isso: pó!
(me disperso no ar)
Deixo meu cheiro no rastro e meu gosto no tato
Esconderijo de mim mesma nos meus olhos
Eu fujo, mas não perco o caminho
Sou labirinto
Sem sombra
Sem passos
Sem traços
Nem feição
Nem em afeição eu me disfarço
Risos no sal de uma lágrima
Soluços de um choro em gargalhadas
Tira as mãos de mim, eu sou senhora do meu domínio
Não me sinta falta, eu não sou saudade
Bata na minha porta mas eu não me faço moradia
Só abrigo minha própria vida