Armarinho de Saudades
sou homem do tempo,
mas não tenho horas;
trabalho até com ferro
pois
sou homem do campo,
mas não tenho terras.
se de tudo vale
vale e avanço.
tenho sol
que não me
ilumina,
a lua que
me branda
com seu lado
mais escuro
que me fazo fango
dos sozinhos.
tenho mulher que
dengo não faz,
e amor só vejo
de novelas
onde o mocinho
- bem alentejos -
ganha beijos
armados
de sua rainha.
se tudo vale,
vale meu ranço.
se hoje sou assim
é porque já fui
pra algum lugar,
que nem sei
o nome.
mais nome de
rei, isso lá
não tem !
mas neste fugar,
sei de uma coisa,
vida,
minha vida, não é,
pois vivo
bem sozinho
e quase louco.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 08/04/2006
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