Entre paragens

Eu não fui cavar no tempo o brilho esquecido

Cortejar flores que se embrunham ao luar

Não despejei meus olhar convicto

Em paisagem pobre de semear

Foi pelo eterno, em nome do impalpável

Que toquei o peito com suas feridas

Em nome do ardor inconsolável

Para reavivar o perecido em outras vidas

Não me ocultei, não me revelei

Mostrei meu amor como identidade

Se falhei quando sorri, nada reverenciei

Mas chorei por nada ao dizer a verdade

Só não me orgulho de ter deixado

Para o início da vigília o vôo profundo

Tapei buracos no vento desbotado

Não era o tempo do etéreo em meu mundo

Sonhei com os olhos cerrados,

Raciocinei com os olhos pro alto

Fitando o incerto com sorrisos acabrunhados

Volvendo ao início, refazendo-me num salto

Tantas paragens receberam minha paz

Quando sustentei angústia, sem deixar fugir

Esperança no murmúrio que deixei escapar

Soube, então, como se aprende a não mentir

E agora, que nem o derradeiro momento se cogita

Permeio o pensamento de paz, a serenar

Querendo amar pelo eterno, em nome do que se precipita

Podendo dizer acabou o medo, é tempo de remediar...

Mar de Oliveira Campos
Enviado por Mar de Oliveira Campos em 14/04/2006
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