Não quero escrever minhas lágrimas

C'o as minhas penas eu não traço linhas.

Eu não quero escrever minhas lágrimas.

Lágrimas, penas tão somente minhas

Não sei descernir em minhas páginas.

Há um celeiro aqui, no meu interno

De uma desmesurada conjuntura.

são entrelinhas deste meu caderno

Bem guardadas em forma de moldura.

Se estou aqui e o meu olhar inerte

Enquanto a chuva são pingos de vida

Vou rabiscando em linhas um verbete,

E gota a gota minh'alma é despida.

Minha pena que teima num versejar

Procura, aquela rima mais singela.

Sem penas, sem lágrimas a marejar,

Minha pena só quer a flor mais bela.

Prostrada, olhar fitoso de esperança,

como o filho pródigo, nasce a aurora.

traço linhas, com preserverança

Nestes versos, um renascer me aflora.

- 2009

Cecília Rodrigues
Enviado por Cecília Rodrigues em 20/01/2009
Código do texto: T1395662
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