DEVASSIDÃO INGÊNUA
Em cada milímetro da tua pele
percorro uma estrada inteira.
Renasço das cinzas de outrora,
surge a louca, morre a freira.
Já vai tarde, perdeu hora.
Em cada toque, teus dedos,
secam feridas e dores.
Vão-se os medos,
os anéis, e junto também os dedos.
A cada leve passada
da tua língua em brasa,
adeus, bem comportada,
eu agora ganhei asas.
A cada som da tua voz,
meu corpo todo amolece;
o juízo, meu algoz,
evapora, desvanesce...
A cada amor mais devasso,
mais de mim se faz teu,
mais virgem e pura me torno,
se mais libertina me faço
e mais de ti se faz meu.