O som triste da beleza
Soluça em tom maior o esquecido alaúde,
Rude pauta balança a corda, que convulsa
Debruça nas horas a melodia que não pude;
Atitude cúmplice soa em cada nota avulsa.
Cruel sinfonia que percorre minha pele alva
Salva-me de mágoas amassadas qual papel,
Farnel de poesias deram, perfumadas de malva.
Escrava musa eis, sonora e pincelada em pastel.
Adormeceu no chão, acordou em mim
Estopim da febre que sem juras me abateu;
Feneceu como viveu, encantada no jardim.
Toca o alaúde perturbado pela tristeza
Certeza tem, reticente, da dor que ora evoca,
Provoca sem culpa espalhando sóbria beleza.