O som triste da beleza

Soluça em tom maior o esquecido alaúde,

Rude pauta balança a corda, que convulsa

Debruça nas horas a melodia que não pude;

Atitude cúmplice soa em cada nota avulsa.

Cruel sinfonia que percorre minha pele alva

Salva-me de mágoas amassadas qual papel,

Farnel de poesias deram, perfumadas de malva.

Escrava musa eis, sonora e pincelada em pastel.

Adormeceu no chão, acordou em mim

Estopim da febre que sem juras me abateu;

Feneceu como viveu, encantada no jardim.

Toca o alaúde perturbado pela tristeza

Certeza tem, reticente, da dor que ora evoca,

Provoca sem culpa espalhando sóbria beleza.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 20/04/2006
Reeditado em 04/01/2015
Código do texto: T142456
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