Dono da Vez
Sou angustioso e perolado,
cheio de ânsias e perdeduras,
avenidas me cortam ao acaso
e ruas me deixam alado.
Sou argamassa e cimento,
cortado por pontes de três traves.
Sou a chave e a perdedura,
sou a chama, o fogo, e a meia-luz.
Sou a dor de todos,
o trio e o dueto.
Nunca tenho hora certa
nem manhã de Carnaval,
vivo sem horas,
num círculo sem ponteiros.
Mas sou puro e casto!
inocente de dar dó.
Corro pelas montanhas
e, nem por isso, faço
parte dela.
Um dia, quando tudo acabar,
vão dizer, num cantinho:
Lá vai a solidão de nosso astro!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 21/04/2006
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