ILUSÃO

Quando estive contigo

E vi a tua alma ficar em paz ao meu redor,

Pensei não estar mais só...

Pensei que a torrente que me leva para o mar

A trazia também na louca ciranda de todas as energias

Que me arrastam para o mar...

Tocar-te o corpo,

Receber dos teus beijos

E conhecer a claridade da tua alma

Era próprio de mim...

Pensar que assim também vias a mim,

Foi puro engano de quem despenca em corredeiras

Com pressa do mar...

Enquanto, no roldão da minha torrente,

Despenham-se comigo pedaços das minhas tragédias,

Gritos de ais,

Restos de memórias que se esfacelam contra as rochas do caminho,

A minha água passava com pressa do mar,

A tua queria ainda ficar

Pelos quase infinitos meandros das planícies alagadas...

Na solidão das montanhas,

No ar gelado das suas noites,

Quanto viajo em saltos,

Sei onde está o mar,

E a sua maresia distante

Quase me revela toda a sua plenitude...

Eu ainda sei de ti por que somos água,

E ainda sinto o puxão da tua essência nas planícies,

Mas já não me alcanças

Por que, a cada salto, aprendo um pouco da arte de voar...

Quando estive contigo, pensei não estar mais só,

Mas, não vi que eu era etéreo e fluido para os ventos

Que levam para o mar...

Às vezes, ainda choro na solidão dos meus vôos

Por que sinto que te demoras...

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 21/04/2006
Código do texto: T142760
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.