Lenda do Vintém
as coisas
que me medem
estão afoitas
e corridas.
as pessoas
que me passam
são rápidas
e coloridas.
homens correm
embrulhados
em paletós
coloridos
e gravatas
arrumadas.
as mulheres
se cobrem
de vento,
e desfilam
beleza e
falta de timidez,
e me fazem por
demais lento.
tudo vai
tão rápido,
que me sugere
que ninguém
me vê.
mas faço
parte da
multidão,
da dor
e de sua
alegria,
sou agregado
a eles feito
um mutirão.
mas, de fato,
não sou
mais reconhecido.
sou aquele...
aquele de lá,
que nas tardes
de ontem,
vendia doces
e churros
numa carrocinha
carregada de
desespero.
nem gritando
me reconhecem!
acho que passei,
de um lado
pra outro
igual pranto
mortuário
em dia de
festa.
tá todo mundo,
lá,
tá todo mundo
rezando,
mas o coração
tá lá fora,
na cidade,
na cidade da festa.
e me perco,
feito criança
de roda
no mundo imaginário
que não existe mais.
fado meu!
do outro da
porta
mora a solidão
enfeitada de
saudades
muito...
muito lendárias !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 23/04/2006
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