BILHETE

Escrava do céu,

fale-me das nuvens.

Escreva-me, sempre a tempo,

com sua letra de chuva,

uma carta apaixonada

ditada pela noite precoce

com respingos de caligrafia.

Escrava do mar,

fale-me das ondas.

Escreva-me, sempre constante,

com sua letra de lua,

uma poesia redonda

ditada pela maré de Abril

com ondas de imaginação.

Escrava liberta,

fale-me das gaiolas.

Escreva-me, quase ausente,

com sua letra de forma,

apenas um bilhetinho

ditado pela fresta escura

com traços de iluminação.