O Poeta naõ morre

O Poeta não morre...

ausenta-se de letras

de sentimentos,

de inspiração.

O poeta anestesia a alma

pelo cansaço da dor,

pela solidão constante.

Guarda no peito as marcas

dos desabores, das cores

opacas de um outono vazio.

O Poeta amassa

o branco infinito

sem versos, sem nexo,

sem nada a dizer.

O poeta apaga a chama

da inspiração, vastidão

de noz na garganta

a esperar o gorfar

de um poema.

O poeta adormece,

debruça no leito...

adoece febril

o sono mal dormido,

nas horas de espera

d'um sonho rasgado

p'la metade.

O poeta enlouquece,

gira, desnorteia

n'um buraco negro

da ausência dos versos.

O Poeta não morre...

Ele arrefece.

Anna Müller
Enviado por Anna Müller em 30/04/2006
Código do texto: T147683