Intacta
Fitou-me os olhos para derrubar-me a sanidade
Mas acabou por elogiar-me a coragem
Quem há de enfrentar o que não se sabe?
Quem há de ser salvo por bondade?
Arrancou-me a roupa da piedade
Mas não se conformou com o calor que viu
Então engoliu a displicente frieza
É que talvez não se fez por mal.
Abraçou-me de tristeza até lágrimas saltarem-me meus olhos
Transformou este nobre sorriso em pedra por pura vaidade
Quebrou-me os ossos sem se condoer
Seu malefício tornou-se luxúria
Seu olho ígneo mutilou-me o corpo
Comeu-me o coração e não satisfeito ainda diabolicamente me corrompeu a mente
Mas a alma se salvou
Esta permaneceu intacta