PENICHE


Dentro da cela ouve-se o mar.
Trepando as grades vê-se o longe
até o horizonte.
O mar é companhia,
abraça-nos todo à volta.
O mar agride a muralha
desesperadamente,
espuma raiva de ondas furiosas
mas não consegue libertar-nos.

Ecoam os passos da ronda
no lajedo.

Obrigado, mar.
Até amanhã, de novo a conspirar.




                                       (Prisão do Forte de Peniche, Maio de 1973)
CARLOS DOMINGOS
Enviado por CARLOS DOMINGOS em 04/05/2006
Reeditado em 09/11/2008
Código do texto: T150379