Com requinte
Com requinte
Angélica T. Almstadter
Quero um pedacinho de emoção,
Só uma lasquinha do teu coração;
Deixa na janela,minha parcela;
Que eu recolho ,sem que ninguém veja.
Ontem, quando teu sorriso me beijou;
Pude sentir, o gosto de cereja,
Que inundou meus lábios, quase virgens...
Atrás dessa face corada de vergonha,
Meu olhar, muito mais te desejou,
Longe da tua visão, tive vertigens.
Aquém do que a minh´alma sonha,
Meu corpo solitário te fareja,
E quando nas tardes, em mim passeias,
Tenho súbitos de poética desmedida;
Tenho suores de fadiga;
Pelo bardo que verseja,
Com a calma, permanentemente, inibida.
Desse naco, tão bem guardado,
Quero provar, em pequenos acepipes,
Dessa dose altamente letal,
Quero me fartar, sem recato,
Sou em ti, como em mim, imortal
Então vem, e me encharca de requintes.