FANTASMA-POETA

Fez-se a luz

Da aurora contida numa vida

Fez-se a poesia

De uma vida contida numa aurora

Foi-se a luz

E a alma do poeta vagueia

Pela estrada que margeia

As sendas do umbral

Foi-se o poeta

E as poesias choram

Junto às mulheres

Que por ele imploram

É preciso deixá-lo ir

Ainda que amado

Pois espírito tão nobre

Não pode ser contido

Que ilumine os céus

Que apague o fel

E derrame sobre elas

Todo seu puríssimo mel

Fantasma-poeta, ser errante

Das profundas emoções perdidas

Vai além das vozes noturnas

Muito além de uma vida

No céu brilha e luz da lua

Aqui na Terra, há de brilhar luz tua

Mas como fantasma ,

o poeta não fagulha

e como poeta, virou pomba

que não mais arrulha