AGASALHO...
O agasalho que me cobre
Rasgado como é o meu destino,
Sentimentos que eu tenho como nobre
São lagrimas que a face já descobre
No bailar dos sons de um violino...
Púrpura de luz a solidão
Deste corpo transeunte já sem vida,
As lagrimas das correntes ilusão
Naufraga de amor o coração
Morrendo de amor na despedida...
Vejo o divã no canto desprezado
No afã do virginal encanto
Vejo nos olhos semblante amargurado,
Palhaço de porcelana acordado
Sentindo de soberba o meu pranto...
De mansinho, de mansinho o meu frio...
Me aquece como pode o agasalho
Serpentes de esperança meu vazio,
Na barcaça sem destino neste rio
A gota pequenina do orvalho...