Casa do Nada
Tenho dois pares
de sapatos,
dois pares de
amigos
e um bar
de inimigos.
De tanto ir
e não chegar,
troquei por um
dobra de botas
um prá ir, outro prá voltar.
Tudo é complexo,
quando o voltar é fácil
e a chegada tão difícil.
Módulos de campanha
me acompanham na longa jornada
que nunca tem fim.
Uma hora, prá,
outra prá cá,
igual soldado desarmado.
Minhas conquistas,perdi,
minhas vitórias,desprezei,
nada e mais novo,
nunca tudo foi tão velho.
E o cansado calceteiro
lá me aconselhou:
se querer andar
primeiro tem que viver.
Mas viver prá quê?
Pois de andarilho tenho muito
e de amor só um,
que, por destino,
me feriu feito senzala.
Agora, conquistar é difícil,
perder é fácil,
e prá morrer,
falta um pouquinho!
Mas sei que tem gente
de plantão,
na casa dos nadas,
que está sempre paralela
a minha próxima hora do abismo!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 12/05/2006
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