Guerra de Sons
Guerra de sons
O paradoxo complexo do hermetismo sonoro
corrompe os meus ouvidos agradavelmente
nesta guerra instrumental
onde os acorde do violino rasgam a distância
e duela com a dissonância da cuíca
e as nota do piano vão desafiar
a ressonância do pandeiro.
Não há acordo entre tão diferentes acordes.
Abençôo neste momento a surdez de Beethoven
nesta luta de culturas
onde o clássico em vão tenta purificar o ar
em que padeiros, cuícas, reco-recos e tamborins respiram.
Na sintonia da sinfonia não há lugar
para a afinada e violenta carga da bateria.
Juiz de Fora, 24/12/1984
Aos 19 anos eu apreciava a música clássica e detestava o samba. Este poema foi inspirado num momento em que eu ouvia meus clássicos e um vizinho de prédio resolveu colocar um samba na maior altura, foi uma guerra!
Hoje vejo que o samba e o clássico podem viver em harmonia e quando não duelam entre si compõem belos arranjos.