Homem que sou

Trago no meu peito

o grito liberto

da multidão ansiosa.

Caminho incerto

pelos mesmos caminhos

de tantos pés.

Tanto fez, tanto faz

se o ponto de partida

é o mesmo de chegada,

minha vida é solta, largada

neste círculo sem fim.

Descubro-me em mim

no fundo da minha alma

na calma das águas

que movem moinhos,

no instinto das aves

que constroem seus ninhos,

em tudo que é puro e natural.

O mal decorrente de ser “Ser Humano”

apaga-se de imediato

no meu grito primal:

Sou HOMEM,

inconstante animal.

Rio de Janeiro, 06/11/1987