MEDO INFINITESIMAL I

me soterro numa solidão soturna

os meus medos entrego a última galáxia

– nunca mais fui o mesmo

depois que conheci o cálculo infinitesimal

e li O mundo como vontade e representação –

e o que devo fazer com os medos?

faço dos meus medos meus trunfos

erro na tentativa de acertar

onde está o puro da maçã?

me mostrem por favor

não me escondam tudo

deixe que eu penetre na verdade

– bela verdade que naufraga

entre os cânticos angélicos

de um pesadelo somente meu –

os meus medos vivem em mim

essa dor que me aflige

dor intensa e lancinante

não consola a minha imaginação

nem os suspiros que povoam

a minha mente no hiperespaço

em busca de provar para mim mesmo

a suficiência de um medo imagético

não busco na matemática

uma saída para estes medos

busco nela a perfeição

– que coisa mais tola

nem mesmo eu consigo

imaginar o que seja perfeito –

e o medo?

o medo se esconde entre labirintos

e me deixa atordoado como agora

me jogo nas coisas como um louco

na busca de na leitura esquecer o leitor

o medo... o m e d o... ohhhhhhhh...

deixem que eu me esconda

na sinestesia de um suculento copo de vinho.

Ozimar Júnior
Enviado por Ozimar Júnior em 18/05/2006
Reeditado em 25/07/2008
Código do texto: T158264