Claridade

À luz do dia as sombras se esvaem

e a claridade adentra o quarto e o peito

pela fresta aberta nos olhos despertos.

A janela gasta, sem verniz e torta

prenuncia um dia já não mais sonhado

e abrir a porta já se faz urgente.

Tudo aclara a luz do renascimento

e é preciso amar antes que anoiteça;

antes que adormeça vou sonhar o dia.

Os soturnos medos já não apavoram

e essa luz tão forte mesmo se me cega

revela nuances ocultos na noite...

Visto de relance tardio fantasma

corre e sob a cama tenta achar repouso

e nem mesmo eu ouso perturbar-lhe o sono;

e vivo das horas a luz emanada

no dia presente – tudo que me resta...

Amanhã, quem sabe? Nada disso importa!