SEGREDOS DA MINHA ALMA
São os meus olhos
Toda a luz
Dançando com cada movimento
Dos olhos teus
É a minha boca
Sedenta de beijos
Bebendo nos lábios teus
São os meus dedos,
Cegos, loucos,
Moucos,
Percorrendo teus contornos
Como quem pudessem dizer a minha alma,
Etérea,
Luzidia,
Fugidia dos meus limites,
Qual é a sensação de tê-la entre as mãos.
E minha alma, sem forma,
Fluindo em arranjos e rearranjos
Por todos os vãos e desvãos dos meus dedos,
Ao redor de mim e de minhas mãos,
Como quem pudesse sentir o que é calor.
Sem nada, ela não vê que dança com a tua
Todo o desejo de ser corpo
Para tocarem-se.
Sem nada, instigam braços e mãos, pernas e corpos
Em abraços e toques sutis
Até a voz dizer coisas ininteligíveis
E todo o frêmito de cada fibra
Vibrar de desejo de fundir-se com os teus.
Sem nada, no toque mais íntimo da carne,
Gritam também suas vozes estranhas
No momento em que o desconhecido se abre
Numa fração de eterno
Onde tudo parece se único.
Alma, minha alma,
Habitante do meu corpo,
Por isso não me deixas...