DO MEU JEITO DE SER

Eu toco nas palavras com carinho,

Com o cuidado, com a paixão,

Que toca os dedos do Gilmour

As cordas afinadas para que elas cantem

Seus sons guardados nas suas gargantas de metal

E há dias que eu vou ao piano

Ou invoco Vivaldi

Ou encarno Mozart regendo;

Há dias que brinco de Coralina

E converso com Quintana

Sentado num verso Drumondiano,

Noutros inverto os meus olhos

E verto os versos da escuridão,

Do amor de Gibran aprisionado noutra dimensão

Voando com asas quebradas

Chorando de dor

Até chegar

Aqui.

Bato às portas do Céu

E recebo sorrisos humanos;

Vênus me ensinou que eu estou

Em todos os lugares – alma andorinha;

Aprendiz de passarinho; sei das coisas do ar,

Contudo, durmo no chão;

Um dia verei as minhas vestes abandonadas,

As asas molhadas definitivamente abraçadas a terra,

E saberei que voarei então só com a força do pensamento;

Irei aos picos mais altos e, sem saudades, olharei os enleios terrenos,

As mentes aprisionadas debatendo-se em suas redes de enganos;

Não poderei chorar por ti que dorme e não escuta que batem à tua porta,

Se eu chorar por ti, afogaria o mundo...

Sei que choras as tuas dores,

Mas por que não afrouxas as amarras que tu mesmo apertaste?

Engana-se quem pensa que não leva nada,

São os pensamentos poutas poderosas

E o pensamento de muitos pesa mais que as lápides

Que pensamos que sepultaram alguma cousa;

Ir além das dores é subir onde não nos alcançam

Os pensares infelizes que vivem na superfície

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 17/05/2009
Código do texto: T1600011
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