Plantação
Essa terra estéril em mim tão revirada
do raiar da manhã ao fim da tarde
guarda em seu seio as sementes
dos poemas ainda não germinados.
Tantos motes plantados em silêncio
dormitam preguiçosos sob o sol;
esse sol inclemente ao meio-dia
que, cansado se vai quando entardece
e na pálida luz da madrugada
um orvalho de mim gera rebentos
dos poemas nascidos, mal-formados...
Passa o tempo e a terra antes deserta
amanhece coberta, relva tímida;
a poesia brota finalmente nesse chão
e talvez dê frutos – talvez não...
A incerteza da estação não desanima
e se – talvez – nascer um alimento
ele terá gosto de sonho – esse é meu pão
e dele eu vivo e me sustento!