AVISO PRÉVIO

quando eu morrer

não entoem hinos fúnebres

retóricas medíocres

ou cansativas ladainhas

escondam do meu juízo

os efêmeros elogios

e as pífias condolências

dos manuais de etiqueta

a morte não conduz a santidade

nem isenta a culpa de viver

deixem ao monólogo do silêncio

a inconstância dos festejos

digam sem pressa uma prece

ou um poema inexato

daqueles bem fingido

porque morrer é o supremo ato

de fingir não estar vivo.

João Nery Pestana
Enviado por João Nery Pestana em 23/05/2006
Código do texto: T161439