O VESTIDO RUBRO

... misteriosamente,

um vestido caiu-lhe sobre a pele

sem calcinha e com peito solto.

Depois de comer a sobremesa mais doce,

precisou urgentemente de um trapo sem pudor

para destrancar os segredos desconfortáveis

da invisível alma em busca de nudez!

... mesmo na transparência

recatada dos seus olhos beatos,

os soluços viraram confidencias.

Após desejar inferno, mesmo sem pecado,

sentiu a necessidade de despeitar o coração

para que o mistério do corpo, inconformado,

vestisse o hábito da alma posta em paz!

esse misterioso vestido rubro

traspassado por um brocado negro

censurou olhos, peitos e boceta.

A ardência da pele ao confessar

todos os detalhes absurdos

dessa paixão tão apalpada

cobre mais que o hábito

de vestir tanta nudez.