slow motion

no ponto exato da pulsação

uma exclamação

e uma pergunta ficou no ar:

quanto vale esse tempo indeciso?

serei eu a pedra do altar

ou a pedra no caminho?

contida pela força

desacelero aos poucos;

não me acho, não me vejo

e não sinto o que me abraça

não há senão uma esperança

que bate descompensada

uma chama oscilante

que pisca e não se apaga

que não morre, nem se apruma

os dias se seguem obstinados

enquanto eu que não me habito,

assisto o tempo que me embaraça

nas horas que em mim se embaçam

na batida do carrilhão apressado

tenho pressa de viver

medo de adormecer e ver a vida se extinguir

nos meus braços vazios

sem ao menos ter vivido

a cota que me é devida,

conto os minutos dentro das horas

nas marcas da minha pele

nos fios do meu cabelo

que sem licença adoecem

desacelera coração

há muita vida dentro dessas artérias

muita horas dentro da ampulheta

infinitos trilhos nesse túnel

e muita emoção a ser embalada

por esses meus braços ansiosos

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 31/05/2009
Código do texto: T1624946
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