Mutirão da solidão

uma multidão de olhares vazios

me acompanha todos os dias

são rostos sem risos

em corpos mecânicos

orbitando no vai vem diário

penso, logo existo

mas pra quem?

se os rostos que me seguem

não tem expressão,

as bocas mastigam nervosas

contra um implacável relógio

por todo lado gente, máquinas

vozerio, apitos, buzinas e mais gente

gente que não vive, não pensa

come, trabalha, anda e compra

e no tempo que lhe resta dorme

e esquece que é gente

e que por isso mesmo

acorda todo dia no mesmo dia.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 05/06/2009
Código do texto: T1633812
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