Mutirão da solidão
uma multidão de olhares vazios
me acompanha todos os dias
são rostos sem risos
em corpos mecânicos
orbitando no vai vem diário
penso, logo existo
mas pra quem?
se os rostos que me seguem
não tem expressão,
as bocas mastigam nervosas
contra um implacável relógio
por todo lado gente, máquinas
vozerio, apitos, buzinas e mais gente
gente que não vive, não pensa
come, trabalha, anda e compra
e no tempo que lhe resta dorme
e esquece que é gente
e que por isso mesmo
acorda todo dia no mesmo dia.