Porta da Vida
De pouco falar, posso até entender,
posso me render ou fainar na luta,
posso até me tornar grande,
posso até me tornar um amante,
posso me tornar um reflexo do sol
ou ser sombra das cantanheiras.
Posso muita coisa,
Posso acreditar em mim:
pensar que alguma coisa flutua
entre o meu amor e o universo.
Posso até pensar que sonho,
sem ao menos cerrar os olhos.
Posso pensar em tudo
e, pelo mundo flainar,
com os pássaros ao redor.
Mais uma coisa não posso:
conquistar mais seu amor,
mesmo em prantos, se quiser,
mesmo na avareza da dor,
ou na sutileza do gesto,
alcançar seu espírito,
e nele plainar minha vida.
Isso, não posso !
Ela morreu na porta da vida,
e eu chorei na ante-sala
de sua morte.
Isso...isso eu não posso.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 27/05/2006
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