Espectros
Tocou-me a alma com os dedos brancos de sangue
Eu te pedi evasão me deste abrigo
Quis-te fogo me beijaste com alívio
Teu cheiro mórbido transpassa meus poros
Vide até mim teu gosto pálido e na recusa dormi em teus braços
Suor e lágrima têm o mesmo gosto
O sabor da tua calma no meu corpo
Regresso aflito dos meus instintos
Caio nu em pêlo no desespero dos teus lábios
Ama-me nem de mais nem de menos
Mas plácido como o vento
O tempo suficiente
Dentro de você eu transpiro em mim
Acalma-te o nervo da solidão
Mas o desespero é meu
A virar-me emoções
A conspirar vulcões de sentidos
Perfurar-me furacões de calmaria
Quantas vezes me fizeste morte e nascente no poente
Trago os olhos apedrejados de dor
Uma dor que tanto fugir
Por isso via tantos espectros dançando com meus olhos
Era uma dança fantasmagórica
Passas por mim de mãos dada com a primavera
Mas eu hoje inverno já fui teu verão
Não sei o quanto mais posso suportar
Meu limite foi o teu abismo
Esse que um dia me atirei de braços abertos
E eu hoje espero o tiro que vai me derrubar