Espectros

Tocou-me a alma com os dedos brancos de sangue

Eu te pedi evasão me deste abrigo

Quis-te fogo me beijaste com alívio

Teu cheiro mórbido transpassa meus poros

Vide até mim teu gosto pálido e na recusa dormi em teus braços

Suor e lágrima têm o mesmo gosto

O sabor da tua calma no meu corpo

Regresso aflito dos meus instintos

Caio nu em pêlo no desespero dos teus lábios

Ama-me nem de mais nem de menos

Mas plácido como o vento

O tempo suficiente

Dentro de você eu transpiro em mim

Acalma-te o nervo da solidão

Mas o desespero é meu

A virar-me emoções

A conspirar vulcões de sentidos

Perfurar-me furacões de calmaria

Quantas vezes me fizeste morte e nascente no poente

Trago os olhos apedrejados de dor

Uma dor que tanto fugir

Por isso via tantos espectros dançando com meus olhos

Era uma dança fantasmagórica

Passas por mim de mãos dada com a primavera

Mas eu hoje inverno já fui teu verão

Não sei o quanto mais posso suportar

Meu limite foi o teu abismo

Esse que um dia me atirei de braços abertos

E eu hoje espero o tiro que vai me derrubar

Luyzla Garrido
Enviado por Luyzla Garrido em 29/05/2006
Reeditado em 29/05/2006
Código do texto: T165421