AS VIÚVAS DE KARL MARX
AS VIÚVAS DE KARL MARX
FlavioMPinto
Eu te vi no Volga gelado
Correndo ensandecida atrás dos olhos enlouquecidos
do teu profeta
Eu te vi enlouquecida e aprisionando e escravizando
A quem a ti se opôs.
Te impuseste pela força aos teus vizinhos poloneses,
Tchecos, yugoslavos, húngaros, romenos
E os submeteste por anos a fio
Cortando-lhes quaisquer chances de pensar livremente.
Quem és tu, então, que propuseste a pomba da paz?
Quem és tu que te dizes a favor dos humildes?
Que liberdade é esta que falas?
Que liberdades são essas que calas quando enfeixas o poder?
Quem és tu que sempre estás a favor das injustiças?
Quem és tu?
Quem és tu que mentes, deturpas, sabotas, denigres
E a tudo impostas a tua moral indômita, incorruptível, única?
Assim te dizes.
Só a tua moral interessa.
Ainda te vejo correndo por planícies e selvas
Portando bandeiras vermelhas, bordões embolorados,
Mãos sujas de sangue de teus irmãos imolados por teu ideal
Apenas por discordarem de ti.
E não vejo sinal de arrependimento
Apenas sinais de busca incessante de poder e mais poder.
Quem sois afinal?
Que poder tendes de destruir cidadãos honestos com tua verdade
Que aos outros negas e sonegas?
Que poder tendes de levar corrupção, miséria e tirania aonde vás
Destruindo mentes e corações?
Que capacidade mágica possuis de hipnotizar teu semelhante
E depois escravizá-lo?
E ainda te vejo,
Em Praga, na Praça da Paz Celestial, no Araguaia
Correndo com tuas mãos sujas de pó, sangue e ódio
Por todo continente latino carente de exemplos e verdades
Em busca do que foi perdido no mundo desenvolvido.
Sempre do teu jeito: mentiras, farsas, dissimulações, falcatruas.
Quem és tu que, aonde estejas, te arrogas o direito da Verdade?
E escondes os mais brutais e tirânicos governos?
E sem o menor escrúpulo trapaceias, escamoteias e deturpas?
Com que direito te vestes com o terno da pureza para julgar?
Com que direito medes todos com tua régua?
Com que direito negas trégua a quem a ti se opõe?
Tudo para atingir os teus fins?
Pareces ser de uma têmpera diferente
Aquela que não se mistura com princípios reconhecidos
E sim os adormecidos na tua consciência
Algo que a decência não alcança
E o bem não acessa.
Já sei quem sois
Sois viúva da mais sanguinária doutrina surgida na face da Terra
A que mais matou, mais injustiçou, mentiu e falseou para atingir seus objetivos.
Sois oriunda direta da mais enganosa e escamosa força política
Que na Terra surgiu.
Das entranhas emergiu para conquistar mentes e corpos
Com sua cantilena de sereia de águas profundas,
Iludindo, formatando mentes, anestesiando cérebros e
Petrificando corações,
Que não sentem o mínimo de respeito ao ser humano,
Apenas o seu respeito, o respeito da tua ideologia.
Tal qual a Fênix, estás sempre pronta para acordar e ressuscitar
Renegando e escondendo teu passado.
És viúva de Karl Marx
E enquanto não atingires teus objetivos não nos deixarás em paz.