GAZEL AUTO-AJUDA

Quando a solidão bate no peito

Peça socorro; não se iluda

Se você não cultiva amigos

Alguém, que nessas horas o acuda

Se está a ponto de radicalizar

Tomar uma taça cheia de cicuta

Quem sabe se não encontra lenitivo

Nas páginas do auto-ajuda.

Também meu fardo carrego

Desde tempos de pessoa miúda

Já tentei musicoterapia, psicanálise

Recitar mantras aos pés de Buda

Não me surtiram resultado eficaz

Minha dor é surda e muda.

Assim, só me restou encarar o espelho

Nos casos extremos: Neruda.

Antonio Virgilio Andrade
Enviado por Antonio Virgilio Andrade em 31/05/2006
Código do texto: T166611