Esquina dos Suspeitos
Hora de errar,
de fingir que as coisas
são do longe,
que a faixa é branca
mas você só pisa no vermelho.
Hora de errar,
entrar e sair,
ponderar, sem pensar,
esquecer,
sem sentir,
que um dia
fui saia dela,
sua imagem viva
espelhada
de pó-de-arroz e
pincéis de cor.
Faço o destino e finjo
que passou de longe, por azar!
Nunca acerto o vivo,
sesmo que ele não se mova.
Pego o que tenho
e passo largo da vida,
dobreada de esquinas
suspeitas.
O amor já não tem caminhos, o que vier
é o sobra da vida.
E de sobras, me sobram
suspeito de amar e querer,
onde tudo se esvai, tudo se sobra.
Se é esta a nossa vez,
dela não há como escapar:
o vento norte é sutil
e prá longe me carrega de novo
prá longe da saia dela,
da vida que é a vida dela,
para amparar os meus escombros
que é presente da vida,
esquecido nas esquinas das avenidas,
solene e só, abordado por néon
onde só a sombra prevalece.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 01/06/2006
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