Especialmente hoje
Hoje, especialmente hoje,
Termina triste mais um dia.
Quando a dedicação em nada se merece, em nada se interessa,
Onde padece a comunhão,
E a união pouco conserva.
Hoje, especialmente hoje,
Parece consumada a falência da boa convivência,
Inerte a tentativa de compor a paz real, de transpor problemas irracionais,
Ineficaz a tentativa de restauração dos elos acreditados como fortaleza,
Exacerbando cada vez mais o desencontro e o confronto do coração.
Hoje, especialmente hoje,
Os fatos estampados tonalizaram de cinzas,
O atos transgrediram o espaço da alma,
O compasso da calma,
E agridem a busca de recomposição.
Hoje, especialmente hoje,
Faz-se hora de reflexão,
Faz-se contido no silêncio,
O sentimento da quietude,
E de solidão.
Hoje, especialmente hoje,
Sem mãos entrelaçadas,
Sem braços dados,
Sem o ombro solidário,
Mostra o quão a ferida da alma, jamais será esquecida.
Hoje, especialmente hoje,
Sangra o peito da dor impotente,
Fere, a dúvida imponente,
E a desconfiança conseqüente,
Que outrora foram plantadas pelo oponente.
Hoje, especialmente hoje,
Não haverá forma elegante,
Nem tampouco galante,
De se dizer que chegada a hora apartada,
E baixa-se a cortina do palco da vida.
Hoje, especialmente hoje,
Um novo ensaio,
Um renovado enredo,
Valha maior confiança,
Valha maior esperança de um ideal seguro, de um ideal maduro.