ATO

Pela tarde ensolarada e

pela sombra dela

pela confusão no trânsito de qualquer cidade

pelo que somos ou omitimos

pelo morto que não existe

pelo vivo que não vive

pela miséria pela riqueza

pela onda que te molha os pés na praia

pelo sonho que não sonhas

pela paz que não é paz

pelo vento de te joga a poeira nos olhos

pelos desastres pelos momentos narcisistas

pela farsa dos que vivem pelas aparências

pelos que estão de pé pelo dinheiro

pelo ridículo de não ter senso

pelo ridículo de ter senso

pelo nada

deves te dar conta de que tudo

que nos rodeia

pode subitamente desaparecer

sem nenhuma luz de alerta

ou aviso

escrito em qualquer lugar.

Saber disso te faz seguir em frente

na hora mais suja

ou bela do dia

te ensina a caminhar sobre o inferno.

Leo Linares
Enviado por Leo Linares em 05/06/2006
Código do texto: T169754