JANELA PARA O MAR

Eis-me aqui, novamente,

Nesta janela para o mar

Olhando a tarde que se desfaz,

Na cantilena dos pássaros.

Tenho encantados os olhos

Com tanta graça e grandeza

Do dia virando noite,

Das luzes se acendendo

Nas janelas do casario,

Onde as pessoas se recolhem

Para o merecido descanso.

Coaxam sapos distantes

Cricrilam grilos brilhantes,

Salpicando com sua luz

O manto escuro da noite,

Fazendo-me sentir como é bom

Estar viva a cada dia;

Entender que a morte

É duro encargo que trazemos

A partir da concepção.

É essa certeza que faz os meus olhos

Ávidos por cenas pintadas

Na tela da natureza,

E inserta na minha voz uma prece

À Inteligência criadora

De tudo que há no universo.

14/05/05.