Sempre Pagú
Angélica T. Almstadter
Repense meu espaço minha força,
Acha que se concentra nos meus braços?
Quer que eu me esforce e me torça?
Tente a cerzidura dos meus laços.
Você desconhece a textura da minha mente,
Fure meus olhos, meus braços ampute,
Não me tornarás uma muda inocente,
Pois impeça que eu me atreva, que eu lute;
Verá que cruel e gentil criatura se esconde,
Na pele da santa e frágil insensatez.
É só procurar e você já sabe por onde;
No ajunte da minha vasta aridez.
Em que vão se esconde meu manancial?
Talvez nem eu o saiba, conscientemente.
Me provoque e verá a ponta do potencial,
Frente e verso em desague inconseqüente.
Nem freira nem puta; mulher até a raiz,
Mais macho que muito homem; por competência;
Altiva e orgulhosa sem a dureza na cerviz,
Mulher por escolha, inteiramente, por consciência.