Os cegos

Os cegos dançam.

E sentem vontade de morte

Sem saber que há mais ser feliz

Nem sonhar com um corte

Mais sorrir num só viver não condiz

Os cegos jogam

Que a ilusão pula meus olhos

Que a solidão pule meus sonhos

Os cegos jogavam

Agora vejo; menti para mim

Agora veja; eu não avim

E a pancárpia ornada?

Uma fez deixou acabada

Não viu os olores

Nem sentiu as cores

Os cegos cavam

E veem na base da pancada

Que de Molière tem nada.

Não é teatro

Não é espetáculo, não tem claque

Nem começo

É fim dos que enxergam após um baque