Esfinge

Teu olhar me beija a face

Mais tua presença de espírito

Vai além do que captura a retina...

Teu carinho cobriu-me a nudez da alma

E teu gesto generoso e sutil

Fez cair à máscara de futilidade sensual

Que me impus, na esperança de ludibriar meu sofrimento

A qualquer olhar menos atento.

Não sei se lágrimas ou sorrisos

Não sei se herói ou bandido

Só percebo a visão desanuviada

O ouvido alerta ao menor gemido...

Reflete a transcendência da maturidade

Num homem revestido de juventude

Menino - homem, ou homem - menino? Não importa!

Traz na essência a sabedoria da longanimidade

A excelência da experiência na alma humana

Armas que se adquire com luta diária

E sensibilidade incrustada pelo tempo, pela dor... Tão primaveril.

Paradoxo então é para mim

Um bem mais que mal

Um bem de se ver, querer, tocar, sentir...

Um mal das dádivas que vêem e logo ao de ir...

Num modelo que não cabe em minha realidade

Não posso vestir, não combina com minha idade...

Paradoxal é enfim

Infante no semblante

Maduro no seu sempre instante

Traduzindo...

És um enigma minha Esfinge

E, se as agruras da vida

Nublam-me o entendimento

E não consigo percebê-lo no momento...

Não consigo decifrar-te...

Optarei pelo silêncio,

Então, vêem logo...

Devora-me!

Pois minha derme arde na curiosidade

Sofrer, te ver,querer,mais não poder.

Observadora
Enviado por Observadora em 30/07/2009
Reeditado em 23/04/2016
Código do texto: T1727259
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