A gaivota que não nasceu
Queria ser uma gaivota,
Capaz de voar por todas as rotas.
Seria branca como alva alma,
Teria beleza e candura,
E cantaria qualquer nota com formosura.
Se gaivota fosse,
Voaria sobre horizontes intrépidos,
Conheceria destinos épicos,
Pousaria em cada enseada,
E faria da vida uma canção toada.
Gaivota seria eu,
Se não fosse ateu,
E sem nenhuma vaidade,
Buscasse uma realidade,
De amor com tenacidade.
Gaivota teria sido,
Se não tivesse me escondido,
Se conquistasse a posição alada,
Para viver toda balada,
E morrer de morte amada.
Gaivota não fui,
Porque o temor intuiu,
Deixei então de viver o amor que defluiu,
Na razão do coração solitário,
Que insiste em não ser solidário.