EMPRESTA-ME TUAS ASAS?
Sei que lá atrás
eu te pedi para não pensar adiante.
Pra ser exata, não foi pedido,
muito mais, imposição.
Sei que te proibi o futuro,
escondida atrás de um muro
de incerteza e confusão.
Sei que os meus medos
foram tesouras nas tuas asas.
Além das tuas asas cortadas,
plantei uma cerca de espinhos,
que furaram teus olhos
e fecharam caminhos.
Mas antes pedi mais:
pedi que fizesses de conta.
Sei disso. De tudo.
Mea culpa, mea máxima culpa.
Agora quem voa sou eu.
Será que me emprestas
as asas,
aquelas que o amor te deu
e que fizeste de conta
que me deixavas cortar,
sabendo que a cega era eu?