ÚLTIMO MOTIVO DA ROSA

A beleza suicida da rosa

no asfalto

É um grito de desespero

O último chamado do navio

que desancora

Lançando-se nas águas

Daquilo que é mistério e dor

e contemplação

Saber das suas rubras pétalas

É saber do sangue que escoa

Ainda morno

Pelas feridas nascidas dos embates

Vãos de cada dia

Sendo a rosa, dia-a-dia,

Menos rosa, hoje

Menos ainda rosa, amanhã

Já sabendo a flores de velório

É quando lhe sorri o mundo

Com seus brancos dentes de sabre

No asfalto, dilacerada

A beleza fátua recende

Da alma-rosa,

Transcendente

Da matéria-rosa,

Morta

* * *

Goiânia, 03 de maio de 2006

Glauber Ramos
Enviado por Glauber Ramos em 18/06/2006
Reeditado em 23/06/2011
Código do texto: T177925
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