Mansidão.

Vai uma voz e vem um sorriso

Dentro desta louca simplicidade

De consumir-me em teu prazer

Até mesmo quando faço um poema.

Solto minhas feras e presas em teu corpo

Esperando que me deites em dança

Na cama de tuas mãos suadas

A averbar a boca de nossas cumplicidades.

Fecho os olhos e te sei inteiro

Pêlos, cheiros, pele, gosto.

Sexo afoito e ereto passeando em mim,

Ainda solto em minhas pernas.

Vendada por escolha e gana

Entrelaço meus dedos em teus cabelos

E escalo-te em beijos úmidos

Buscando o sabor de teus lábios vadios.

Meus seios trêmulos em teu peito

captam o bater de tua tara

e meu coração se entrega ao julgamento

de ser culpada por amar-te loucamente.

És o pecado azul de meus olhos,

A luz de minhas cortinas,

O cair de minha carne em tentação,

A realidade de minhas façanhas.

E bem manhosa enredo-me em ti

Sabendo da lava que vem faceira

Dar-me o prazer supremo que um deus

entorna no cálice de um mortal.

Bebo de teu momento

No qual o meu é eternidade facial

Ruindo no sorvedouro de minha língua,

Para sempre rei – dentro de mim, tua vida.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 18/05/2005
Código do texto: T17864