DANÇA DAS MARÉS

Mar noturno

Profundo

Participa da natureza última

Das coisas ditas belas

E secretas

Águas calmas, mas

Um coração em fuga

Que dispara à revelia

Sobre a tez revolta

E salgada

Mar noturno

Guardião das constelações

E das almas aflitas

Taciturno

Um deserto de águas

Onde se ressuscita a sede

E toda forma de saudade

* * *

E no fim do dia

Seu sorriso, tal qual

Um sol poente

Para a visão, além das angras

Das ondas quebrando

Nos arrecifes

Despediu-se e partiu

Imperceptivelmente

Como a brisa morna

E silenciosa

* * *

GOIÂNIA, 30 DE MARÇO DE 2006