PATHOS POÉTICO
Um pouco de bossa no peito
Palavras silentes na boca
Dois versos ululantes nas mãos
Em punhos – cerradas
Como duas ostras seladas
Adormecidas na última profundeza
De um oceano secreto
E este olhar de alheamento
A tudo que vive
O pensamento em alguém
Que um dia chamei pelo nome
E com quem troquei sorrisos
(Hoje apenas uma mancha difusa
que o tempo cruelmente cuida de
deliquescer nas frias câmaras do
inconsciente)
O café amargo desperta
Mais um dia letárgico
E seu eterno funeral das horas
Mas não há tristeza ou alegria aparente
Apenas a indulgência complacente
Da morte
Que de um canto escuro me sorri
***